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O Produto Interno Bruto deve apresentar uma desaceleração em 2025, devido ao aumento nas taxas de juros e a uma economia mundial mais instável, afirmam especialistas em economia - Blog do Irmão Francisco


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O Produto Interno Bruto deve apresentar uma desaceleração em 2025, devido ao aumento nas taxas de juros e a uma economia mundial mais instável, afirmam especialistas em economia

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil apresentou mais um crescimento. Nesta sexta-feira (7), o IBGE revelou que a economia do país avançou 3,4% em 2024, marcando uma nova aceleração em comparação a 2023, que teve uma alta de 3,2%.

Esse número representa o crescimento mais significativo da atividade econômica desde 2021. Contudo, de acordo com especialistas ouvidos pelo g1, agora existem mais fatores que sustentam a crença de que o novo ciclo de aumento da taxa básica de juros deve levar a uma desaceleração da economia em 2025.

Essa previsão se baseia na expectativa de que a Selic atinja 15% ao ano em 2025, sua maior taxa em quase duas décadas. Esse movimento tende a restringir o crescimento do consumo e dos investimentos, o que, por sua vez, poderá impactar negativamente setores como a indústria e os serviços.

Com um Banco Central do Brasil (BC) adotando uma postura mais rígida em relação à política de juros e com o aumento das incertezas econômicas no exterior — especialmente devido às preocupações sobre a política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e suas repercussões globais —, espera-se que a economia brasileira comece a esfriar, com efeitos sendo percebidos pela população através da diminuição do consumo e do aumento dos custos de crédito.

Os diversos ajustes nas previsões do mercado
A desaceleração econômica já era previsível pelo mercado desde 2023. No entanto, por dois anos consecutivos, essas previsões não se concretizaram.

Dados do boletim Focus, por exemplo, um relatório semanal do BC que compila as projeções do mercado financeiro, mostram que a expectativa de desaceleração econômica em 2024 foi iniciada em junho do ano anterior.

Naquele momento, economistas previam um PIB de 1,68% para 2023 e de 1,28% para 2024. No final de 2023, essas projeções foram revisadas para 2,92% e 1,52%, respectivamente.

Uma série de fatores trouxe resultados surpreendentemente positivos para a economia brasileira. Ao considerar o primeiro Focus de cada ano, tanto o de 2023 quanto o de 2024 apresentaram crescimentos muito acima das expectativas do mercado.

Por que o mercado cometeu tantos erros de projeções até agora?
Especialistas consultados pelo g1 afirmam que as falhas nas previsões dos analistas ocorreram, em parte, porque muitos não aguardavam que os efeitos dos estímulos à economia, que vêm desde a pandemia, durariam tanto tempo.

De acordo com Juliana Trece, economista do núcleo de contas nacionais do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), a grande variedade de auxílios sociais e aumentos salariais nos últimos anos injetou capital na economia e incentivou o consumo.

“Ao consumir mais, os empresários acabam contratando mais. E, ao empregar mais pessoas, isso gera um aumento no consumo e, assim, a economia se movimenta,” explica a economista. O efeito duradouro dos estímulos, de alguma forma, acabou superando os eventos negativos que o mercado havia previsto para os últimos anos.
No começo de 2024, a previsão era de uma desaceleração econômica devido ao desempenho menos robusto do agronegócio, à diminuição da atividade no mercado de trabalho e a um ambiente externo mais complicado.

Contudo, essa situação se alterou ao longo do último ano, resultando em um desempenho positivo da economia brasileira. Conforme Rodrigo Nishida, economista da LCA Consultores, o aumento real do salário mínimo e o pagamento de precatórios, que serviram como estímulos iniciais, foram complementados pelas eleições municipais de 2024, as quais contribuíram para a movimentação econômica.

“O crescimento do PIB em 2023 foi notável, principalmente por setores relacionados à produção, como a agropecuária e serviços. Em 2024, no entanto, a expansão foi mais abrangente, acompanhada de uma melhora nas condições internas e uma maior quantidade de pessoas empregadas”, afirma ele.

Esses fatores ajudaram a fortalecer a atividade econômica local e a manter o consumo ativo ao longo do ano. Em contrapartida, essa situação levou o Banco Central não só a suspender o ciclo de redução das taxas de juros, mas também a iniciar aumentos nas taxas no segundo semestre.

Em setembro de 2024, o Banco Central promoveu o primeiro aumento de juros em mais de dois anos, e essa elevação continuou a se verificar depois disso.

Quais as perspectivas para 2025?

Além de uma abordagem mais rigorosa do Banco Central, a economia brasileira deverá enfrentar um estímulo fiscal reduzido do governo, em decorrência de um plano de corte de despesas programado para 2025. Adicionalmente, existem incertezas sobre o cenário global, especialmente em relação à administração do presidente americano, Donald Trump.

“Para 2025, temos um quadro mais voltado à consolidação, em parte por preocupações com a situação fiscal e pelo fato de não ser um ano com eleições”, afirma Nishida.

Com a diminuição dos recursos injetados na economia, a expectativa é que taxas de juros mais altas possam impactar o PIB, tanto pela oferta quanto pela demanda.

“O agronegócio deve ter um papel relevante no PIB, mas não atingirá os níveis que observamos em 2023. Além disso, os setores industrial e de serviços sofrerão a influência das taxas de juros elevadas. O consumo também deverá apresentar uma contribuição inferior à de 2024”, diz Trece, do Ibre.

De acordo com a economista Julia Gottlieb, do Itaú Unibanco, essa desaceleração somente começará a se manifestar de forma mais clara na economia a partir do segundo semestre deste ano.

“É nesse período que começaremos a perceber o efeito defasado da política monetária restritiva [de juros altos]. Além do mais, ainda existem fatores que favorecem a economia [neste início de ano]”, afirmou a economista durante um evento recente promovido pelo banco.
Além do setor agropecuário, que deverá mostrar um crescimento significativo no início do ano, com projeções otimistas de colheita, também haverá um impacto sazonal favorável nos serviços, conforme explica Gottlieb.

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